E sabonete íntimo, precisa?

A Região Íntima e Seus Tabus

Vamos combinar desde o início dessa leitura: esse texto está permeado de uma vontade imensa de quebrar tabus.

O primeiro: é sobre sabonete íntimo e seu uso na vagina. Sim, vagina.

Vamos normalizar esse nome sem infantilizar o órgão genital. É apropriação de quem tem vagina poder dizer livremente que tem uma vagina e todos seus acessórios de fábrica: vulva, grandes lábios, clítoris e os odores.

Pronto, ultrapassamos a vagina para chegar no odor dela. E quanta história carrega o aroma dessa região.

Percebam, a vagina não “fede”. Ela tem seus odores característicos e cada pessoa que possui vagina possui também o seu conjunto de acordes de odor. Aliás você que tem uma vagina conhece o seu odor?

Esse odor pode indicar muitas coisas. Pode indicar tesão. Pode indicar alguma patologia específica, ovulação, o período que antecede a menstruação e é uma forma de diálogo com o seu corpo.

Existe um histórico de silenciamento da relação das mulheres e suas vaginas. É imposto um pudor que perpassa pelos nomes, pela forma de higienizar, por não estimular que haja o toque, ou seja, há uma distância estratosférica entre a mulher e sua região íntima e no final, não há intimidade alguma.

É muito importante resgatar essa intimidade através do toque, do olhar, do sentir essa região do nosso corpo. É um ato revolucionário que as portadoras de vagina consigam ostentar o poder de usar todas as funcionalidades deste órgão humano, principalmente os relacionados ao odor e ao prazer.

Por isso, prepara para quebrar o segundo tabu: passe a olhar a sua vagina.

Pega o espelho, sinta, observe, cheire e perceba que ela tem traços únicos, até porque convenhamos: não faz sentido existir uma parte no seu corpo que você não conheça, portanto, vamos “vaginar”, eu vagino, tu vaginas e nós vaginamos e é sobre isso.

Só que esse artigo é sobre sabonete íntimo.

Precisa usar?

Esse “precisar” tem contornos de “depende”.

A rigor não precisa e sinceramente apenas água em abundância na região resolve de forma eficiente essa higienização.

E a higienização da vagina (internamente) não deve ser além de água na região, uma vez que ela possui uma biota inteligente que consegue estabelecer essa proteção, salvo é claro, exceções de desequilíbrios pontuais que devem ter o acompanhamento médico para tratamento.

Todo esse cuidado é pra você preservar o pH da região interna da vagina, mantendo a proteção natural que existe e acontece espontaneamente.

Entretanto, algumas portadoras de vagina têm uma preferência particular em higienizar de forma mais assertiva a vulva (parte externa) e, está tudo bem, esse artigo é para auxiliar nas escolhas se esse é o seu caso.

Esqueça essas propostas de sabonetes íntimos de milhões de promessas, isso é apelo mercadológico da Indústria Cosmética. Não precisa de um sabonete específico para a região, se sua opção for um sabonete natural, que contém ingredientes equilibrados e com isso, não possuem química nociva para as pessoas e o meio ambiente.

O sabonete é considerado natural quando é elaborado por um processo químico simples de saponificação a partir de óleos e manteigas vegetais e isso acontece quando são elaborados pelos métodos cold e hot process. Em outras palavras: as fórmulas dos sabonetes naturais não possuem surfactantes, tampouco ingredientes agressivos e sintéticos nocivos.

Os sabonetes naturais podem ser usados em todo o corpo. Possuem uma harmonização na formulação que limpa, mas respeita a microbiota e o manto hidrolipídico da pele.

Portanto, podem ser utilizados na vulva, delicadamente. Lembre-se que é uma região de mucosa e precisa de muito carinho.

Qual tipo de sabonete escolher quando há problemas pontuais na região?

Procure composições com oleorresina de copaíba, óleo de coco, óleo essencial de melaleuca/tea tree, óleo essencial de lavanda e extrato de camomila, são ingredientes que podem auxiliar.

Se a sua região íntima está saudável, qualquer sabonete natural pode ser interessante na higienização da vulva, mas lembrando que é bom evitar o uso do óleo essencial de menta ou de hortelã pimenta, eles tendem a provocar uma certa refrescância quando aplicados na pele e isso pode incomodar algumas pessoas.

Algumas dicas:

1) Higienização:

a) Faça a limpeza somente da vulva (parte externa) e virilha – são as áreas que costumam suar mais e com isso incomodar na questão de odores por causa do suor.

b) Escolha um sabonete natural

c) Faça essa limpeza com sabonete natural uma vez ao dia.

2) Cuidados Gerais:

a) Evite o uso de papel higiênico em excesso. Se for possível, introduza o uso de duchas higiênicas (pelo menos em casa) ou uma garrafinha de água para a limpeza após urinar.

b) Procure usar menos calcinha e roupas apertadas (muito justas/que marcam) a região da sua vagina. Isso contribui para fungos e outros problemas. É importante ventilar. Se é difícil pra você durante o dia, pelo menos em casa e para dormir fique sem calcinha. E prefira calcinha de algodão, que é um tecido mais respirável.

Lembre-se, o segredo para a nossa saúde é o equilíbrio e fazer o que é possível dentro da sua rotina.

No mais, aproveite seja o uso de somente água ou de espuma deliciosa, sem nadinha de nociva em um banho de intimidade.

Já cuidou da sua vagina hoje?

Vamos quebrar paradigmas, vamos experimentar o que realmente traz resultados com simplicidade.

Beijos de Lavanda.

_______________________________________________________________

Obs.: Esse post sofreu revisão. A publicação original foi em setembro/2014.